sábado, 15 de maio de 2010

The Summer Of Our Discount Tent: Rock In Rio



Se, como eu, puxaram os estores da janela do vosso quarto para cima para deixar entrar o ar depois de uma maratona nocturna do How I Met Your Mother, devem ter reparado que o sol voltou. Que é como quem diz: o verão está a chegar, e com ele aqueles eventos que fazem as delícias de promotores e painéis publicitários, e quiçá de alguns amantes da música - os festivais. Desde há uns tempos para cá que o país tem assistido a uma mais variada oferta no que lhes toca; há festivais para hippies (FMM), para hipsters (PdC), para mães (CoolJazzFest) e para idiotas (Rock In Rio). É precisamente sobre este último que se debruça o texto de hoje, agora que falta uma semana para começarem as hostilidades AH ESPERA ISTO É NA BELA VISTA HÁ SEMPRE HOSTILIDADES LOL e as reportagens 24/7 na Sic Radical e na MTV. Deus abençoe os media!

Podíamos falar da história do festival, da sua implementação cá, de quem já trouxe, os temas que trata, etc. mas isso não interessa um real caralho. Falamos de coisas mais importantes, ou seja, DO CARTAZ. Porque algumas pessoas ainda vão a festivais só pela música e não pela confraternização ou mariquices do género. Normalmente essas pessoas vivem uma vida muito triste e acham que vão ser alguma coisa na vida tipo crítico no Ípsilon. Não sintam pena delas que elas já têm bastante de si próprias. Adiante:

SEXTA-FEIRA, 21/05

Muito provavelmente o dia mais merdoso do festival (redundância). Ora note-se: abarca das piores coisas que o Brasil já ofereceu na pessoa de Ivete Sangalo ("mas ela dá um grande espectáculo e blá blá blá" EH PÁ, NÃO), o pior rapper português e o guitarrista/sex-symbol mais chato de sempre (John Mayer). Junta também bandazitas que cavalgaram a moda Deolinda (Oquestrada e Azeitonas), DJs pop como Calvin Harris e a voz esganiçada da Mariza para não nos esquecermos que estamos em Portugal. Cabeças de cartaz: Shakira (de quem ia falar mal, mas ganhei um novo respeito) e Deadmau5 (também é meio pop, mas do bom. Além disso anda pelo 4chan). Opinião pessoal: não vale a pena gastar 58€ por isto, nem que se seja rico e se queira gastar dinheiro à parva - é muito mais satisfatório limpar o cu a uma nota de cem.

SÁBADO, 22/05

Melhora em relação ao dia anterior, quando mais não seja pela inclusão dos FUCKING DEWAELE BROTHERS em versão live act - o que só por si deve valer meio bilhete. Destaque igual para Major Lazer, projecto anglo-americano de Diplo e Switch que vão fazer abanar corpos com a sua versão indie desse aborto musical que é o reggaeton. Para as pessoas que gostam de rádio e não de música, há também João Pedro Pais, Leona Lewis e (Sir) Elton John. Se bem que este último é um bocado injusto. Não há ninguém que não goste da Can You Feel The Love Tonight. Porque, vá lá, Rei Leão! Awesome.

QUINTA-FEIRA, 27/05

O cartaz para este dia encontra-se no mesmo patamar do de 22 - muito rock radio-friendly, agora não tanto para adultos mas para jovens. Entram em cena os Sum 41, que desconhecia ainda viverem, os inultrapassáveis (por mais que se tente) Xutos, Snow Patrol e finalmente Muse. E eu confesso: o último álbum não é tão mau como o pintam. De qualquer das formas, só lá iria para o momento NO ONE'S GONNA TAKE ME ALIIIIIIIIIVE da Knights Of Cydonia; caralhos me fodam se isso não é um som enorme. Na tenda, aplausos para Gui Boratto e pouco mais. Não se percebe porém porque é que um dia que supostamente levaria imensos fãs (de Muse) é à Quinta e depois há folga, mas a organização que responda a isso.

SÁBADO, 29/05

MELHOR. CARTAZ. DE. SEMPRE. Não estou a brincar. Ou talvez esteja. Afinal de contas, duvido que se vá ouvir alguma coisa por entre os gritinhos apaixonados das crianças que vão encher o recinto para verem a Hannah Montana. Eu enchia-a. À Hannah Montana. Ui. Só faltariam os Tokio Hotel para melhorar a festa e as gargantas, mas é para isso que servem os DeZertos, que agora até parecem uma banda a sério, com a reunião e disco novo e tal. Para meu gozo pessoal deviam ter aguardado mais uns 10 ou 20 anos antes de o fazerem, mas entende-se que precisem de dinheiro agora, com a crise. Um beijinho para a Amy Macdonald: ultrapassar na CREL o tour bus dela foi o segundo melhor momento "OMG ESTOU PERTO DE UMA CELEBRIDADE" a seguir à distância de 15cm a que estive do B Fachada anteontem. Não adianta falar da tenda porque não há um único nome que se safe. O Vibe é merda. Nem para curtir no meio da praia, tudo descalço e só de calções. Eish.

DOMINGO, 30/05

E, para não variar, o melhor dia do Rock In Rio é o do metal. Poderia ter sido ainda melhor se fossem os gigantes Motörhead a fechar e não a nova versão techno-tipo-Scooter dos Rammstein. OK, a Pussy tem graça, mas... parece que sucumbiram ao facilitismo depois de grandes temas como Spielhur, Seemann e/ou Morgenstern. É algo desapontante, na verdade. Nota para Soulfly e Megadeth, que também se apreciam nas doses certas. Por outro lado: Fingertips. Foda-se. Vale o bilhete pelo Lemmy e a sua fantástica verruga.

Eis então o festival da família, o F que faltava depois do futebol e de Fátima. Pontos positivos: absolutamente nenhuns. Pontos negativos: serão a minha tese de mestrado assim que volte à faculdade. Razões para se falar disto neste blog? Temos ouvidos de puta. Papamos tudo. Ou quase. A quem quer que vá: os meus sinceros pêsames. À organização: pessoal, vocês faziam muito mais dinheiro se tivessem preços especiais para família ou algo do género. Até o Rock One (que é o protótipo de tudo o que NÃO fazer de um festival) pensou nisso. 'Nuff said.

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