domingo, 2 de maio de 2010

B(r)oche-róque, é bom



Depois do nazismo, os alemães ficaram em dívida para com o mundo. É por isso que hoje temos BMWs, a Claudia Schiffer circa anos 90 e krautrock. O termo é ofensivo, mas eles não parece(ra)m importar-se muito. Seria porventura do estado avançado de letargia marijuanística em que se encontravam quando lhes surgiu a ideia de fazerem música que consistisse simplesmente em jams alimentadas pelo espaço sideral. É esse o problema dos drogados de hoje: só sabem arrumar carros e popularizar modas parolas.

Esta colectânea da Soul Jazz é mais do que um álbum. É um documento histórico. É uma maneira de dar a conhecer ao ouvinte casual aquele que terá sido dos movimentos mais importantes dos anos 60 a seguir ao Maio de 68. E é maravilhoso para colocar como pano de fundo e mirar um céu que tão azul tem estado nestes últimos dias. Aspectacle, dos Can, entra logo a matar com um ritmo death disco designado a prender a atenção e a soltar as ancas. A partir daí é festival, desde o fantástico sintetizador de Michael Bundt (La Chasse Aux Microbes), à nostalgia Jogos Som Fronteiras dos La Düsseldorf (Rheinita), ao felácio que os Faust proporcionam aos Velvet Underground (It's A Rainy Day, Sunshine Girl - que é também o melhor título de uma canção de todo o sempre), à terna ambiência dos Neu! (Hallo Gallo). Isto só para citar o que me é pessoalmente favorito. Há Harmonia, Popol Vuh, Cluster, Amon Düül, aquela flauta deliciosa na faixa dos Ibliss, todos os nomes que se fizeram e que fizeram o psicadelismo alemão.

A música do futuro, ontem? É um slogan bestial. O ritmo mecanizado, o ambiente cósmico das teclados não o deixa mentir, provando mais uma vez que por detrás de cada bom aluno (techno) há um excelente mestre. Ou uma coisa assim.

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