domingo, 15 de agosto de 2010

Crónica de uma Revolta Adolescente



Um tempo houve em que aquilo que eu ouvia se construía à base do ruído. Nomeadamente Black Metal, que é ruído para meninos. Mas foi a partir daí que eu fui descobrindo outras coisas mais abrasivas e estranhas aos ouvidos dos meus amigos que só ouvem Tiesto. Entre essas coisas abrasivas contavam-se, à altura, os Atari Teenage Riot - até porque o anarquista infantil que havia em mim achava muita graça a todo aquele choque anti-sociedade vigente e morte aos nazos e etc. Ainda acho graça a isso tudo. É por isso que não posso deixar de ficar tristemente enraivecido com a notícia de que Alec Empire e restantes vão estar de regresso a Portugal, mas ao Porto. Ora, para quem mora a 300km e não tem sequer carta de condução, isto não pode ser uma boa notícia. Nunca.

Quem é da maravilhosa cidade invicta com o maravilhoso clube azul que por lá habita vai ter a oportunidade de a 17 de Setembro (tão em cima, tão em cima... podia ter-se feito um pézinho de meia) constatar se após todos estes anos os ATR continuam a espalhar a violência. Para quem não conhece, shame on you; peguem imediatamente em Delete Yourself!, de 1995, e deliciem-se, façam mosh ao gato, partam vidraças de bancos. Para quem conhece através do Velocidade Furiosa, estimo que se fodam (é um filme bom para passar o tempo. Mas há que ter aquele cuidado hipster em não querer que a malta dos ailerons começe a ouvir ATR no seu Punto xunado).

Encare-se com tranquilidade que no tempo áureo dos ATR, o futuro era negro, distópico, e o drum n bass ia salvar o mundo; chegamos a 2010 sem que nada disso tenha acontecido (nem distopia, nem utopia - o mesmo marasmo). Por isso calha bem esta reunião; nostálgica q.b., politicamente relevante ainda. O confronto generacional perde o sentido quando somos atingidos pelos cacos que o molotov Revolution Action espalhou pela calçada. Thrash metal com drum machines, urgência punk-anarquista em querer destruir e reutilizar, Nic Endo gostosa. Awesome, ou Awesome?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

The Summer Of Our Thank God, I'm Glad That Joke's Over



E pronto; chegamos ao fim da série Festivais de Verão 2010. Houve lágrimas, houve raiva, houve falhas incríveis (Milhões de Festa, Oeiras Sounds), houve falta de feedback porque vocês são todos uns maricas que não deixam comentários. Mas como somos teimosos e oh, so bored, façamos uma pausa na audição deste fantástico best-of da Nancy Sinatra para provar que o melhor fica sempre para o fim: o festival dos betos está do caraças este ano.

QUINTA-FEIRA, 05/08

Depois dos 2 Many DJs abrirem as hostes na Quarta em formato DJ set, damos por nós no primeiro e, provavelmente, melhor dia do festival: seja pela rebeldia adolescente de M.I.A. (prestes a tornar-se tão irrelevante politicamente como os RAtM [calma GuêPê]), pela experiência alucinatória transcendental que deverá ser um concerto dos Flaming Lips ou pelo sexo tornado música (ou o contrário?) nas mãos de Kruder & Dorfmeister. Mas é a trupe de Wayne Coyne que arrebata completamente todos os outros nomes, como é natural. Cá esperaremos os relatos de quem ouviu (se tocarem) Watching The Planets no meio do pó.

SEXTA-FEIRA, 05/08

2001 ligou e pediu aos Jamiroquai que não se perdessem para muito longe da linha temporal (ainda que Love Foolosophy seja prazer culpado e continue a soar tão bem como no 9º ano). Há duas mulheres bonitas (Lykke Li e Colbie Caillat), um gajo feio (James Morrison) e um super-grupo que realmente faz por sê-lo: Orelha Negra, a.k.a. o disco português do ano so far. Estás perdoado, Sam. Sempre gostei da Poetas de Karaoke. A estrela maior da constelação chama-se Joshua Davis e vocês provavelmente conhecê-lo-ão do excelente Endtroducing.... que já esteve à venda por 4€ no Jumbo. Há que amar os saldos.

SÁBADO, 06/08

A voz irritante do Mika junta-se à voz irritante das Sugababes que se juntam à voz irritante do Tim que se junta à pop irritante dos Friendly Fires para fazer da Zambujeira o local mais irritante do ano durante 24h. Sim, mais irritante que um Centro de Saúde Alverquense. Aqui não há idosos, mas há hipsters betos. (São todos. Lol.) Dia mais fraco de um cartaz de outro modo coerente.


DOMINGO, 07/08

Como forma de despedida de quatro dias perdidos no deserto alentejano, acharam por bem partir os corações a centenas de pessoas por esse Portugal fora que não poderão estar presentes por compromissos vários e levar Beirut e a sua orquestra de Gulag para encerrar o festival. Ainda não engulo o cancelamento do Coliseu. Foda-se ;_;. Depois há Air (também já moram cá), Massive Attack (idem aspas) e um regresso rápido de Mike Patton para interpretar canções italianas dos anos 50/60 (e, sabem que mais? É surpreendentemente bom.

Eis o melhor Sudoeste dos últimos anos. Será para manter a tendência, ou é só uma pequenina fugacidade como o foi o SBSR de 2007? Só o próximo ano o dirá. Para já, é fazer malas quem puder e curtir milhões na costa.

Ou então ir ao Boom. ÁCIDOS, FUCK YEAH