quinta-feira, 25 de março de 2010

Hey you, you're losing your Vitamin C



Há uma coisa boa na música ambiente: se a deixarmos como pano de fundo enquanto trabalhamos ou estudamos, podemos ignorá-la à vontade e prosseguir sem problemas, mais relaxados até. Uma nota mais puxada que nos prenda a atenção, pode ser como que uma epifania. O problema só surge quando estamos em espaços fechados e não temos com que nos distrair. Talvez tenha sido esse o problema de hoje: não houve para onde fugir.

Os Tangerine Dream, ressacados da mesma geração de boche-róque (porque krautrock é um termo démodé) que os Kraftwerk, Neu! e Can, são considerados por muitos como os pais do trance. O caso não é para menos: texturas psicadélicas, percussão tribal, e riffs de guitarra roubados ao metal o que me fez pensar por momentos que tinha vindo ver Infected Mushroom. E, se isto me entreteu bastante durante uma hora e pouco, quando começaram a soar as três já era mais do que extenuante. Não sei se será da minha ADHD ou não. Nos concertos pop/rock, podemos entreter-nos a acompanhar a letra, a dar cacetadas nos vizinhos ou pura e simplesmente imaginarmos situações sexuais com a vocalista. Aqui, os sintetizadores de Edgar Froese ocupavam toda a sala. Mais do que o público, que não encheu metade e que só lá estava porque aquilo é tudo muito New Age e os cristais e o Paulo Coelho e blá blá blá. Confesso-me então desiludido. Adoro aquele som electrónico, a pureza retro dos claviolinos, a ambiência Autobahn.

Foi a primeira vez que saí antes do término de um concerto, metade pelo desagrado, metade pelo comboio que tinha de apanhar. Espero que não seja a última, por uma razão muito simples: detestaria ceder a certos fanboyismos e gostar só porque sim. Prefiro manter o meu espírito crítico, e continuar com a opinião de que o Atem é um álbum do caralho. Talvez a cabeça surja mais virada para o lado da apreciação se cá voltarem. Todas as bandas têm direito a uma segunda tentativa.

Menos os Klaxons, em 2007. Que concerto de merda que foi. Foda-se.

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