terça-feira, 9 de março de 2010

Macaca Fuscata



Quem nos conhece sabe que temos um certo penchant por tudo o que venha do Japão. Excepto a pornografia com baratas mortas. Oh, sim. Existe. Anyway, ao passo que esse fascínio advirá da nossa pequenina veia de otakus, no que concerne à música há razão de ser: estes tipos exportam material do bom. Um dia haveremos de falar dos Boris ou dos Pizzicato Five; hoje ficamos-nos pelos Mono, um dos últimos grupos a sobreviver ao post-rock.

Numa Musicbox cheia, pôde-se compreender porque razão o Steve Albini gosta deles: são do caralho ao vivo. Já eram do caralho em disco (Hymn To The Immortal Wind é dos melhores do ano passado), mas ao vivo tudo se transforma. Se eu fosse um crítico a sério (não sou) com um emprego a sério (não tenho) usava expressões a sério (não conheço) tipo "OMG SOAM COMO UMA AVALANCHE NO MONTE FUJI". Graças a Deus que tenho este blog, então. Mas quero usar essa expressão de qualquer maneira para descrever a simbiose entre ambos guitarristas, a cadência, o prenúncio apocalíptico (entranham-se-nos nos ouvidos com melodias suaves, explodem em torrentes de ruído). Uma espécie de Agalloch meets MBV. Começam, naturalmente, com Ashes In The Snow, em jeito de apresentação tardia do disco de 2009, alcançam o zénite com Yearning, de You Are There, 2006, e finalizam com Everlasting Light, também de Hymn To..., um final perfeito para uma noite de (ainda) inverno. E com direito a vénia no final, como qualquer bom nipónico. Pelo meio, todo um ambiente construído com duas guitarras, baixo e bateria (ocasionalmente piano e xilofone), um jeito de melancólica saudade, headbanging em câmara lenta - há uma razão, afinal, para o fado ser tão popular em terras orientais. A tristeza é-nos comum.

Antes deles, Löbo (com ümlaut, porque é METAL). Vêm de Setúbal, e Setúbal é bastante fixe. O guitarrista parece constantemente pedrado, o baixista anda a aprender com estes tipos e o baterista... bem, o baterista é gordo. Apresentam (Surpresa! Toda a gente toca isto hoje em dia) um Sludge em jeito ambiente, para não fugir muito ao espírito do concerto. Há momentos interessantes, há momentos chatos. Gostei muito do gajo do sintetizador/sampler a armar-se em Merzbow. Andam por aí a apresentar o primeiro EP, e parecem ter espaço para progredir. Por hoje, não fraquejaram, mas também não morderam. Foda-se, que piada tão má.

Nenhum comentário:

Postar um comentário