quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Jute Gyte - Diapason

 

Toda a gente sabe que o drone e o black metal andam de mãos dadas. Num minuto estás a gritar bem alto por Satanás e a gastar rios de dinheiro em material da Kiko Milano, no outro queres alinhar os teus chakras e abrir um restaurante vegan para misantropos com +3.5 dioptrias e barba pálida do vaping.

Jute Gyte, nome com o qual Adam Kalmbach assina a sua música, é um desses casos. À semelhança de tantos outros artistas dentro do black metal (e a culpa deve ser do Varg, que tem as costas largas e nunca escondeu curtir technão), Kalmbach tem a música electrónica como influência, havendo quem o compare a Aphex Twin em determinados discos que não ouvi, porque só tive paciência para o "Perdurance" e mesmo esse é uma salganhada inaudível até para quem ama noise.

Seja como for, um tipo que lança um ou dois discos por ano vai acabar por se tornar chato a dada altura - razão pela qual os King Gizzard não são assim tão bons e vocês são todos uns idiotas, e razão pela qual não há mesmo forma de defender "Diapason", que é o registo que me levou a ter vontade de escrever estas linhas. A não ser que queiram sentir a vossa sanidade mental a definhar ao longo de duas horas e meia, mantenham-se longe deste disco. Já vou no minuto 47 de um tom monótono e nunca senti tanta vontade de estoirar os miolos, nem quando me espalhei ao comprido na SportZone do Vasco da Gama, nem quando o João Félix espetou dois no Dragão. Esta música não é para duros, é mesmo para surdos.

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