segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Grimes - Miss Anthropocene (Rave Edition)

Quase um ano após editar "Miss Anthropocene", a nossa traidora de classe favorita volta à carga com... uma versão "rave" desse mesmo álbum. "Rave", entre aspas, que muito provavelmente Grimes nunca foi, como toda a gente nascida pós-1991, a uma rave à séria (drogas, loucura, morte). 

Se é verdade que a coisa até começa bem - cortesia de ANNA e Richie Hawtin - o resto soçobra perante a falta de inventividade presente em cada uma das remisturas. Mas a culpa é minha, que estava à espera que um disco de remixes fosse bom. É que há duas formas de fazer a coisa: ou se mantêm fiéis ao registo original, acrescentando-lhe apenas uma tarola aqui e um bombo ali (e toda a gente fica feliz porque toda a gente ganha royalties), ou adoptam a táctica Aphex Twin, cagam no som de base, e (des?)constroem uma canção do zero (e toda a gente fica feliz porque toda a gente ganha royalties, mas ao menos passam por ÍNTEGROS). 

A culpa é d@s tip@s que assinam as remisturas, claro, mas também é da própria Grimes, que nunca na vida deveria ter dado o ok ao lançamento de um álbum "rave" numa altura em que até aquilo que hoje em dia passa por "rave" (espaços controlados, patrocínios de grandes marcas, os mesmos DJs a tocarem os mesmos BPMs) está parado porque, bem, há um vírus chato à solta. Talvez depois da vacina isto soasse menos aborrecido. Talvez Julian Bracht tivesse conseguido não assassinar a melhor malha de "Miss Anthropocene". Talvez os Modeselektor tivessem feito algo que não perturbasse o seu vasto legado de qualidade. Mas parece que nunca o saberemos.

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