terça-feira, 1 de junho de 2010

Saúde de Ferro



O Santiago Alquimista é um sítio giro. Para além de ter vista privilegiada sobre Lisboa e o rio omnipresente, o facto de se apresentar como bar traz uma certa nostalgia daqueles sítios onde um tipo ia beber uns copos e se a banda presente fosse boa éramos capazes de lhe prestar atenção (o Lux não conta, amiguinhos). Claro que só traz esta nostalgia para quem viveu esses tempos. Não é o meu caso. Mas esta introdução é porreira, hein?

A experiência sociológica que dá pelo nome de PAUS (aceitam-se piadas pornográfico-juvenis) quase que dá a entender que o fim dos Vicious Five não terá sido tão mau quanto o pintam. Mesmo que os teclados nos façam sentir coisas é naquele ser híbrido que dá pelo nome de bateria siamesa que se colocam todas as atenções - seja porque estamos sempre todos muito dispostos a apontar o que é diferente seja porque Joaquim e Hélio fazem dela uma experiência transcendental. Barulho ritmado, ou ritmo barulhento? A dúvida persistirá até alguém fizer a comparação com Lightning Bolt. Até lá só não são a banda mais barulhenta (isto é positivo) que já vi porque estive no Algarve em plena aparição de MBV.

Aos HEALTH (5€ em como só juntaram estas bandas por causa da paixão pelo Caps Lock) coube a honra de fechar a noite ruidosa com a sua espécie de shoegaze. Mas essa etiqueta só se aplica ao estilo - são bonitinhos, novinhos, olham demasiadas vezes para o chão, as meninas da audiência adoram (a única benção do hipsterismo: trazer a moda Lolita para concertos). Ao vivo aquilo que já é fodido em disco torna-se ainda mais fodido porque não há maneira de baixar o volume que brota das colunas. E se Crimewave, aquela que o pessoal só conhece por causa dos Crystal Castles, se apresenta com a mesma troada, é em We Are Water que a sala explode com tudo a cantar o refrão em uníssono. Aquilo que é etéreo no Shoegaze desaba sob as nossas cabeças como um meteoro. Se os Killing Joke eram o som da terra da vomitar, os HEALTH podem muito bem ser o céu - e o baixista foi um porreiro e assinou-me o disco. FANGASM

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