sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Surfing on sine wavves



A pop é uma coisa estranha. Por mais voltas que se lhe , mantém sempre o seu aspecto primordial: melodias simples e directas, um maior cuidado na criação da canção, temas (quase sempre) mundanos de forma a apelar ao público geral. Por mais voltas que se lhe dê (e já lhe deram tantas), continua a ser o medium preferencial no que toca à música: enquanto que na literatura existem estilos demasiado díspares para que se possa definir uma base comum, aqui quase todos os caminhos vão dar à mesma origem. Tudo isto para dizer que os Wavves são uma banda pop, uma excelente banda pop, passe-se o pleonasmo.

E porquê chamar-lhes pop? A escola está lá toda: basta ouvir So Bored, California Goth ou a auto-depreciativa No Hope Kids para logo captarmos a inocência das primeiras bandas surf, a causticidade dos Pixies, a descarga emocional dos MBV, a irreverência teen dos próprios Green Day ou Offspring. Como quase todas as bandas de hoje em dia, seguem à risca o código DIY: álbuns gravados em quartos com vista para o sol, usando programas como o Audacity ou o Garage Band, sem qualquer prezo pela pós-produção: é assim que foi gravado, é assim que é lançado.

Estiveram cá, no passado dia 19. Admito: se se quiser ser neutro, foi um concerto fraco (faltaram muitas das canções que lhes enriquecem o repertório, excepção feita ao hino dos putos aborrecidos de 2009), e a qualidade do som na ZdB não terá sido a melhor. Mas foi impossível ficar indiferente à banda, que entre cada tema e cada elogio a Satanás mostrou que não é mais do que aquilo que aparenta (e que deve) ser: putos na brincadeira, aquele pessoal do secundário que só dizia merda durante as bebedeiras, punks da geração Ipod; uma banda para quem está farto de todo o pretensiosismo e literacia da cena alternativa actual.

O sol abriu-nos os olhos.

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