terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Notas soltas sobre notas soltas



Quando o dubstep explodiu em 2006, e trouxe consigo, entre outros, Burial, Kode9 e Skream, produtores indiscutivelmente awesome, era todo um mundo novo: linhas de baixo arrancadas às vísceras, beats apocalípticos, cidades negras à ressaca do grime. Foi nas pistas o que o sludge foi nos metaleiros: "WHOA, É POSSÍVEL FICAR PEDRADO SEM FUMAR?" (isto não será inteiramente verdade, mas adiante). Para quem estava acabado de sair do techno marado à la Aphex Twin, foi uma oportunidade de ouro para ser ainda mais pretensioso e gozar com a cara dos clubgoers modernos, para quem o Guetta é Deus (vómito) e o White Sensation uma revelação religiosa (foda-se).

Depois de ter ouvido os álbuns dos supra-mencionados, deixei de ligar ao dubstep (lol, trend-hopping). O que não significa que de vez em quando não volte lá: foi o que aconteceu recentemente (e o que motivou mais um excelente (not) texto da minha modesta autoria) com o escutar (^^) do álbum de estreia dos Broken Note, duo de DJs londrino que dá ao já de si pesado estilo uma nova (não sei se alguém já fez isto antes, nem sinceramente me interessa) massa corporal: através do terror do Drum N' Bass. O resultado? O fim do mundo, o abanar dos corpos como se não houvesse amanhã (nem ossos), um álbum tão bass-heavy que faria Lee Perry corar de inveja. Let'Em Hang, War In The Making, Dubversion: faixas que aguçarão a imaginação de qualquer realizador sci-fi esse mundo fora, o triunfo sangrento e brutal das máquinas.

E atenção: há ainda pelo meio uma excelente remistura aos Juno Reactor (ah, os tempos do goa!). De resto, não recomendável a quem só conhece música electrónica das xaropadas que ouve na Viva polaca. Pode ferir sensibilidades. E tímpanos. Mais os tímpanos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário