domingo, 11 de outubro de 2009

Anita gosta de chupa-chupas



Parece haver uma correlação qualquer entre gostar de meninas novas e ser um génio: Lewis Carroll, Roman Polanski, Woody Allen... e, claro está, o senhor chanson, o poeta que elevou o nível do liricismo na pop, o velho porco que quis foder a Whitney Houston. Gainsbourg inspirou muitas, se calhar demasiadas mentes brilhantes, e pelo menos uma mente bonita; deixou para trás milhentos singles, LPs, compilações, álbuns de tributo, e ainda teve tempo para trazer ao mundo a mademoiselle Charlotte Gainsbourg e os seus magníficos atributos peitorais artísticos.

Para um tipo que, como eu, encontra a beatitude (rofl) em diferentes estilos musicais, este será uma espécie de profeta: a estilos que vão do yé-yé ao jazz, da new wave à bossa, Gainsbourg deixou a sua língua, lânguida, e os seus versos, indeléveis. Faltou-lhe lamentavelmente o Black Metal que com certeza teria tornado erótico, muito ao seu jeito; toda a sua música é assim, um charme tipicamente francês (e há outro?) que nos rouba as nossas mulheres dos nossos braços, uma fantasia de miúdos adolescentes pseudo-intelectuais de robe a beberem whiskey e a fumarem um charuto em noites calmas de verão. Com discografias destas é lógico que seja difícil começar por algum lado, mas cá vai: Disque nº2, o da capa plagiada à exaustão, a colaboração com Jane Birkin, boa boa boa a música e ela, a Histoire de Melody Nelson, dedicada aos pedófilos, e a compilação An Introduction With Champagne, que foi por onde comecei, e que contém gemidos da neo-fascista Brigitte Bardot. Não esquecer ainda as canções oferecidas a France Gall, Françoise Hardy e Isabelle Adjani. E, se tiverem certos e determinados fetiches, meditar um pouco no dueto com a sua filhinha/lolitinha encantadora.

Sempre que me quero sentir um cabrão pretensioso ouço Serge Gainsbourg. E sempre que quero engatar gajas (como se isso acontecesse muitas vezes), recito letra por letra que as amo e elas também não. 83% das vezes resulta em falhanço, nos outras 17% elas não percebem um boi de francês, e aí já não vale a pena preocupar-me mais com esta gente. Porque eu também não percebo e preciso de alguém que me explique. Talvez se tivessem leccionado isto no secundário em vez da imbecil da Rochefort o caso mudasse de figura.

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