quinta-feira, 18 de novembro de 2010

We're all fucked up, so whacha wanna do



Há males que vêm por bem; se a visita do Moisés negro impediu que os Arcade Fire pudessem vir espalhar o amor, os Fucked Up, que também são canadianos, espalharam a semente; mandaram foder os azares da vida e marcaram, não um, mas dois concertos exclusivos em Lisboa e Porto como que a pedir desculpa por aquilo de que não têm culpa. Bendita a hora: milhões de vezes a ZdB do que o Pavilhão Atlântico no que toca a albergar concertos de rock n' roll fodido. No aquário, cheio de gente mais ou menos desnuda, incluindo o próprio Damien Abraham, que é gordo e punk dos sete pneus, os Arcade Fire não passaram de um sonho passageiro; bastaram os primeiros acordes de "Son The Father" para deitar a casa abaixo e fazer temer pelo vidro partido não se sabe muito bem quando.

Antes disso Mr. Miyagi deu uma aula de karate aos presentes apresentando um hardcore a fugir para o grind, sem guturais mas com muitos gritos e putos de flanela e t-shirts pretas a saltaram de e para o palco. São quatro gajos do norte, com ar de quem dariam bons genros mas com a electricidade a correr na ponta dos dedos. E da gaita. Isto já não saberei. São um bocadito aborrecidos, mas a malta curte e a gente está lá é para curtir. Houve pedidos para tocarem "aquela" e tudo.

Os Fucked Up são os legítimos herdeiros dos Black Flag. Isto é um exagero do caralho, mas ocorreu-se-me dizer isto no regresso a casa à cara-metade deste blog só para o picar por não ter ido. A baixista é arraçada de portugueses e veste-se como uma avó, a.k.a. ia lá com tudo. Damien corre pelo local munido do microfone, abraça quem encontra à frente, placa quem encontra à frente, grita com quem encontra à frente, exibe-se (mas só o tronco) a quem encontra à frente. O rock é pesado, com tendências para o frito (ele até dizia estar ligeiramente apanhado, se é que me entendem). Estranhamente, as maiores intervenções por parte do público - que no entanto nunca se cansou dos empurrões e cotoveladas - surgem nas covers de Breed, dos Nirvana, e do hino generacional que é a Blitzkrieg Bop dos Ramones. Isto será sintomático de muita coisa, mas não me apetece dissertar sobre isso. Foi do caralho, fiquei com a setlist (sim, é essa coisa aí em cima!) e quero que vocês se fodam. Como a banda apela a que façam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário