domingo, 19 de setembro de 2010

Há Festa Na Mouraria



As relações amor-ódio são parte integrante não só da cultura musical de cada um como da sociedade em que vivemos. Claro que por vezes podem desvanecer: por exemplo, eu odiava o Puto Sam até ouvir os Orelha Negra - isto para dar um exemplo de ódio->amor no que concerne à música - e continuo a odiar o Benfica - isto para dar um exemplo de ódio->ódio eterno no que concerne à sociedade. Com B Fachada é igual: há quem o considere o melhor letrista português dos últimos 30 anos (o que é, francamente, uma opinião estúpida), há quem lhe odeie o pretensiosismo e os maneirismos (o que é, francamente, igualmente estúpido).

Centremo-nos em dois pontos. Primeiro, as canções são realmente boas (Eu vou ser o puto Abrantes, eu vou ser o Panda Bear foi o grito de guerra deste verão), a personalidade é, estando atento, um falso auto-elogio. É óbvio que de B Fachada tudo indica para que seja um troll. Quem o encara como tal encontra-lhe nos discos um humor blasé que o levou a ser a estrela do novo anúncio do azeite Gallo, que é tipo a epítome do trolling, quem não vai nas suas cantigas, perde as cantigas (trocadilho ridículo mas cheio de verdade).

Mas eu não tenho que estar aqui a defender a genialidade ou falta dela de B Fachada. Fico pelos discos (o último EP ainda está disponível aqui) e pelos concertos, como o de hoje no Clube Ferroviário, em Santa Apolónia, com vista para o mar e para a cidade, repleto de gente (e de muitos hipsters que se enquadram naquele primeiro grupo de idiotas de que falei em cima), onde estiveram canções como Os Discos Do Sérgio Godinho, onde esteve a fabulástica camisa que segundo dizem já havia levado ao Avante, e onde esteve o contrabaixista do 5 Para A Meia-Noite do qual ninguém quer saber. E foi grande, como grande é o Bernardo. Perante isto, que mais dizer? Fazem falta mais trolls assim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário