quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sistemático



Isto já foi dito inúmeras vezes: a internet veio acabar com o monopólio da música. Disseminou-a. Não existe um artista que fale pela geração inteira, como os Beatles ou os Nirvana (há quem diga que a Lady Gaga anda lá perto, mas foda-se). E de toda a parte ouvem-se vozes contra, nas revistas de ocasião lê-se que esta década foi miserável, hipsters dos quatro cantos pululam de cena em cena à procura da nova coisa fixe.

Mas desde quando é que isto é uma coisa má?

Hoje temos acesso às bandas de psych-rock mais recônditas do Cambodja. O nosso vizinho de cima tornou-se uma sensação no youtube. O vinil voltou à vida, qual zombie. Para quem gosta ou diz gostar de música, não devia haver nada mais do que a excitação, a alegria de novas descobertas. Uma era em que a palavra "alternativa" quer dizer realmente alguma coisa e não apenas caracterizar os Sonic Youth. E, neste critério de que tudo existe e está aqui ao nosso lado, há que dar mérito às bandas que superam expectativas. A par dos Arcade Fire, os LCD Soundsystem são talvez a banda que mais marcou a década e definiu a nova tendência electrónica: a nostalgia pelo disco-sound e pelo funk, a certeza de que o rock não dista tanto do techno como se possa pensar.

O novo álbum é também o último. Poder-se-à falar do fim de um ciclo? Podemos dizer que nada será como dantes, visto que "nada é como dantes" desde que o Napster fechou portas? Só o futuro e a Pitchfork o saberão. Para já, há que ouvir a despedida solene de You Wanted A Hit, a contagiante Pow Pow e o manifesto punk o plágio descarado de Drunk Girls a White Light/White Heat. Eu por mim agradeço ao Sr. James Murphy por tudo o que ele trouxe. Sem qualquer tipo de mágoa. Porque uma banda não se faz grande dos discos que vende ou dos fãs que tem, mas das memórias que acarreta. Also, estou bêbado e deviam ignorar esta última frase lamechas. O álbum tá do caralho. E só.

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