terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ié-ié-manjá



Não há carnaval sem samba. E não há samba sem umbanda, pelo menos no que concerne a este disco. Vindo não se sabe muito bem de onde (V Festival Nacional de Cantigas de Umbanda, 1977), aterrou-me aqui no gira-discos e mostrou-me todo um mundo para lá das mulheres nuas: rezas a Xangô, Iemanjá e outros deuses com nomes esquisitos, ritmos tribais dos quais, se eu quisesse mandar atoardas para o ar, diria que são os precursores de toda a história techno. Não é só um disco de samba, é um disco para chamar espíritos. Havendo essa hipótese, é fazê-la acompanhar (à audição) de um jogo do copo à meia-noite. Metaleiros também verão aqui a inspiração da Ratamahatta dos Sepultura - claro que me esqueço que sou o único que acha o Roots o melhor álbum deles, mas enfim. Flôres de Obaluê, quase quase parecido com um vira, é a canção que sobressai mais aqui, mas ao longo do pouco menos de meia-hora, o ritmo fala mais que as palavras. É um pouco da história do Brasil que aqui se condensa: sempre preferiram dançar a lutar.

É tal qual o house: se ao ouvirem não houver uma única parte do vosso corpo a mexer, isto não é para vocês. Mas podem guardá-lo no disco rígido à mesma, se o encontrarem por aí: dá indie cred. Tupã é que não vos vai achar muita piada ao desrespeito, mas é para isso que existem rosários e crucifixos e todas essas coisas que vos garantem uma cadeira no céu. O fodido é vocês lá irem acabar sentados enquanto o mundo dança.

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